Descrição enviada pela equipe de projeto. Após subir a colina pensamos que a melhor forma de se estabelecer ali seria deitando-se sobre um tapete protegido do sol por uma sombra. Assim, de forma simples, um tapete que pudéssemos nos acomodar; e uma sombra que suba e desça, mudando o caráter do espaço que cobre, sensível às condições do corpo. O terreno, o corpo e a construção deveriam dar forma ao espaço.
Trabalhar sobre perfis irregulares acaba desenvolvendo uma peça que é interessante tanto o que impede como o que é permitido; buscando oportunidades no imprevisível que satisfaçam questões típicas: impedir ou promover certas linhas visuais, resolver a relação da casa com o terreno, a relação entre os pavimentos, a caracterização de ambientes ou áreas para se adequarem a diferentes atividades... descobrindo circunstâncias emocionantes como a percepção do oblíquo ou a capacidade do informal para se ajustar a outras condições além do formal.
Queremos reduzir a expressão de todos aqueles sistemas que distraem da intuição principal, por isso o sistema espaço-construção-estrutura fica reduzido a duas lâminas de concreto que assumem quantas questões seja possível, organizadas numa disposição estratificada (concreto estrutural - isolamento - instalações - concreto de acabamento) a base de composições especializadas de distintas qualidades (resistência, porosidade, peso, tensão superficial), o que nos sugere sistemas construtivos de outra escala.
Gostaríamos de pesquisar o modelo de superestrutura contraposto ao da estrutura moderna. Por um lado, o sistema de suporte está diluído no sistema piso-teto, sendo este informal, não organizado, o que não produz uma expressão evidente, mas a oculta; expressa-se apenas a secção variável das lâminas, que variam seu canto para assumir os apoios. Por outro lado, o sistema se manifesta no construtivo para sublinhar a independência das duas peças: as lâminas não são contínuas, apoiam-se uma na outra mediante tacos de neoprene. As qualidades superficiais de ambas (textura, cor, brilho) são iguais, o que fomenta certa simetria horizontal que será continuamente quebrada através das mudanças de nível e das transições de um lado ao outro das camadas.
O projeto controla a incidência solar mediante um balanço que varia de profundidade dependendo da orientação, se ajustando ao ângulo de incidência e protegendo o fechamento de vidro. O centro da casa está ocupado por um mecanismo de controle climático: um pátio e uma árvore de folhas caducas, um bordo vermelho, que controla a incidência solar nas estâncias ao redor do pátio, produzindo uma área de frescor.